A lenda da cobra do mato
No início dos tempos ,em uma numa aldeia distante no Estado do Pará, bem no meio das matas, um jovem guerreiro de nome Arato se apaixonou por uma índia chamada Moiguaçu.
Todos diziam que ela tinha um jeito esquisito,pois o seu comportamento não era normal e deixava muita gente intrigada na pequena aldeia. Apesar dos comentários ninguém sabia que ela era filha da cobra grande, a boiúna que se disfarçara de mulher.
O jovem guerreiro não acreditou nos comentários e nem no conselho de sua mãe, mulher sabia da aldeia bastante vivida, que já tinha visto muita coisa fantástica, mesmo sem evidências avisou o filho com palavras de sabedoria –Arato!exclamou a mãe –sonhos doentes na juventude, arrependimento, que não da para voltar atrás . Mas a beleza da índia Moiguaçu deixava o índio fascinado , que não deu importância as suspeitas da mãe. Pensando consigo mesmo –dizia -não são verdade essas suspeitas!!-bobagem da mamãe.tenho direito de fazer minhas escolhas.
Arato estava encantado pelo olhar hipnótico da índia que fazia seu coração bater tão forte de amor que marcou logo casamento, porém perto da data marcada a Moiguaçu pediu como presente, um ouriço de tucumã encantado que ficava no fim da floresta escondido sobre umas pedras. Antes porém avisou ao amado que não deveria abri-lo, primeiro deveria de entregar o caroço a ela , senão tudo ficaria diferente.
O índio achou estranho, mas concordou em buscá-lo , partiu em sua canoa, atravessou o rio de fortes correntezas. Até chegar do outro lado da mata, após caminhar bastante e não dormir, encontrou a bela árvore misteriosa, descrita por Moiguaçu. Que num pensamento rápido observou como era sinistra ,porém o seu maior desejo estava em voltar para os braços de sua amada para casar-se,por isso resolveu logo procurar o tucumã.
Ao pegar no caroço, que parecia um enorme coco, escutou sons esquisitos, gritos de sapos, grilos, corujas além de outros runhidos de animais.
A curiosidade começou tomar conta do guerreiro, aquele som todos lhe confundia a cabeça, mas o medo foi mais forte que desistiu de abrir. Empurrou a canoa para o rio já cansado deixou a canoa seguir a correnteza, carregando com cuidado o caroço de tucumã no colo. A sua desatenção era tanta , não percebeu que estava sendo seguido por um Urubu-rei .de repente a ave o atacou tentando pegar o coco, Arato teve muito trabalho para se livrar da persistente ave, espantou- a com força.
Ao chegar do outro lado da margem, resolveu abrir o coco ,pois não agoentava mais de curiosidade também ficou bastante intrigado com o ataque da ave que devido a sua insistência levou muito tempo lutando para se livrar dela.
No impulso motiva pela raiva, não pensou duas vezes em bater o coco numa pedra, de repente uma forte fumaça tomou conta do lugar, e bem diante dele uma cobra gigante com o rosto de Moiguaçu lhe avisou de seu destino:- você se tornará uma cobra na próxima lua cheia! E depois de sete dias, tirará a carapaça, contudo na outra lua virará um réptil novamente.
Explicou lhe que o caroço era o lugar onde ficavam todos os animais atacados pelas cobras do mato. Como se ele fosse a fonte do segredo ou poder, falou ainda que fora escolhido para reinar com ela nas matas, por isso deu-lhe essa missão; se não tivesse aberto antes estaria longe da maldição e não seria seu escolhido. Inconformado Perguntou - e o urubu-rei?! a cobra respondeu-lhe:- A ave só estava tentando livrá-lo da maldição.E assim Arato seguiu seu destino.
Você Sabia que:
Existem os nomes Norato ou Honorato dados a cobra grande do mato.
Seu couro inspirou alguns desenhos retratados no artesanato indígena.
Nazaré Mello é pedagoga e escritora.
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