sexta-feira, 21 de junho de 2013

Religiões - A paz de Deus

Paz nas Religiões

Adelle Soares

Camila dos Anjos

Lucas Ranieri


A paz de Deus

Paz entre religiões e igrejas é considerada como mediadora de um mundo melhor, mas será que ela realmente existe?


A paz é uma palavra oriunda do latim Pax, que significa tranqüilidade e calma. São vários os tipos de paz. Entre eles está a Paz Bíblica, ou seja, a Paz de Deus, a qual é muito falada nas igrejas. “Essa paz tem o poder de transformar e erguer o caído”. O amor é um dom do Senhor que trabalha em conjunto com a paz. A igreja, juntamente com a Bíblia – o manual do cristão -
atribuem a Paz de Deus como a principal responsável pela garantia de todas as outras pazes.

De acordo com Gilbraz Aragão, estudioso da paz na construção de um novo mundo, a paz entre as religiões é fundamental para que, possamos construir condições melhores para todos. “Não haverá um mundo novo sem uma paz entre os povos, e não haverá paz entre os povos se não houver paz entre as religiões. No entanto, tem que haver diálogo entre elas”, afirma Gilbraz.

Paz pela igreja

Mas o fruto do Espírito é: paz, amor, gozo, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança. Gálatas 5:22.

Paz na igreja é um termo que define, entre outras coisas, uma sensação interior de bem estar emocional e espiritual. Estar em paz com Deus é ter paz na família e na sociedade. Estes são os anseios de todas as pessoas. Jesus Cristo é apresentado também como o ‘Príncipe da Paz’.

“Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; e o governo estará sobre os seus ombros; e o seu nome será: Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai Eterno, Príncipe da Paz”, Isaías 9.6
Além de liberar a paz dentro das quatro paredes dos templos, a igreja tem a responsabilidade em liberar a paz também para a sociedade. Como é dito no mais importante mandamento cristão: “Amai ao Senhor teu Deus sob todas as coisas e ao teu próximo como a ti mesmo”, Mateus 22:39. Um exemplo de paz e amor ao próximo são os voluntários da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), espalhado por todo Brasil e ao redor do mundo, que dedicam suas vidas, visitando diariamente, comunidades, hospitais, além de abrigos, asilos, presídios e casas de recuperação de drogados. De acordo com Antônio Augusto, um dos voluntários da igreja, em Belo Horizonte, “o objetivo é levar a palavra de fé aos que ainda não experimentaram a misericórdia e a paz do Senhor Jesus Cristo”.

Os grupos de voluntários visitam internados nos asilos, prestando apoio espiritual àqueles que estão abandonados ou que não recebem a visita de um filho ou de um parente há muito tempo. Nos hospitais, quando é permitido, os obreiros fazem uma oração e levam palavras de paz, fé que curam e libertam. Já nas comunidades, o trabalho é feito de porta em porta, convidando as pessoas para participar da reunião de domingo, no Encontro com Deus na Igreja.

Além da igreja Universal, várias são as denominações que se disponibilizam a fazer boas ações e distribuir o amor e a paz de Deus às pessoas que ainda se encontram necessitadas de carinho. Na Igreja Católica do Bairro Durval de Barros, em Ibirité, na região metropolitana de Belo Horizonte, os membros e voluntários ajudam as pessoas da comunidade com doações de cestas de alimentação, roupas, produtos de higiene pessoal e de casa, além do apoio espiritual. “Poder ajudar as pessoas que necessitam é muito bom. Deus nos recompensa muito e não deixa faltar nada em nossa casa”, afirma uma das voluntárias da igreja e membro há 26 anos, Cecília de Abreu.

Preconceito: o vilão da paz
A paz e o bom convívio entre as diferentes denominações da mesma religião também é algo Bíblico. As igrejas, independente da denominação, são classificadas como a “Noiva de Cristo”. A referência é o livro de Cânticos dos Cânticos, onde Salomão, Rei de Israel, fala sobre o amor humano e o amor de Cristo à noiva dele, a igreja.

Mas, o que vemos em muitas denominações, principalmente naquelas que trazem um ministério e uma visão diferentes das ‘tradicionais’, não é bem uma relação de paz. Em Belo Horizonte, temos duas igrejas evangélicas com uma cultura bastante diferente das demais: a Caverna de Adulão e a Igreja Justiça e Retidão. O objetivo da criação de um ministério alternativo nessas igrejas foi o de alcançar pessoas que são vistas com desprezo e com olhar de julgamento pela sociedade em geral e também por outros cristãos. Os integrantes das duas igrejas são: metaleiros, underground, hardcore, heavy metal, góticos, punks e também pessoas comuns. Lá as pessoas de diferentes tribos são muito bem tratadas e podem ser o que realmente são.

Mas, ao sair na rua ou entrarem nas igrejas ‘tradicionais’, os cristão alternativos não são muito bem vindos, é o que conta a integrante da Caverna, Rafaela Rocha. “Muitos nos chamavam de satanistas por usarmos preto e fazermos heavy metal. Certa vez eu fui a uma igreja para comprar uma Bíblia e fui retirada por um segurança que mostrou uma arma. Achei um absurdo”, comenta Rafaela.

As pessoas que se vestem de preto e têm o corpo tatuado, além de brincos sofrem com preconceito fora, e até mesmo dentro, das igrejas. “Por ser terceiro mundo, tudo é na ignorância, até no evangelho, pois as pessoas querem tudo muito estereotipado, mas Jesus disse para irmos até a ele como estamos. Nós lidamos com isso sempre, mas ignoramos, pois somos reconhecidos como igreja e temos o registro que comprova isso. As pessoas podem falar o que quiserem, mas não podem nos mudar nunca”, afirma o pastor Rodrigo, líder da Igreja Justiça e Retidão.


Quando existe a paz entre as religiões


O conflito entre religiões marca a história da humanidade. Já foi, e ainda é, motivo de luta, disputas políticas e ideológicas. Algo que, na teoria, seria apenas para conscientizar os fiéis, ,a giosos laro dissom ssusta oje essa perseguiçoes açada a religao depassou a ser uma das principais causas de guerras.

Uma das maiores perseguições da história do homem foi religiosa, o Holocausto. A perseguição aos judeus na Segunda Guerra nada mais foi do que uma caçada a uma religião diferente da maioria predominante. Apesar de ser apontada como um abuso, hoje essas perseguições continuam e o que mais assusta é que os líderes religiosos, em alguns casos, apóiam o confronto.

Um exemplo claro é o eterno conflito no Oriente Médio, onde a religião de cada povo passou para segundo plano e tornou-se apenas um pretexto para uma guerra que já dura gerações.

Para a professora de Geografia, Cristina Renata Gauzzi Mendes, a paz no mundo depende muito do respeito e da igualdade entre as religiões. “Dificilmente será encontrada sem o apoio e a união das crenças. A Fé tem que aparecer primeiro que as disputas, cada um tem que aceitar e entender os dogmas e preceitos das outras. Estes conflitos religiosos se atenuariam se as pessoas tivessem mais consciência humana, ou seja, que os povos entendessem que todos somos seres humanos e necessitamos do respeito, da solidariedade, do afeto, da crença, de valores. Entender que a humanidade é diversa em vários aspectos, inclusive no religioso”, afirma Cristina.
Conferência Mundial das Religiões pela Paz
De acordo com Chiara Lubich, fundadora do Movimento dos Focolares, em Portugal, a paz mundial depende de nossa união em todos os aspectos. “Só nossa unidade poderá desprender essa sabedoria e essa capacidade necessária para mudar o mundo e ganhar a batalha da paz”, afirma Chiara. O movimento que Chiara fundou trabalha pela paz e crescimento social e espiritual de todos os seres humanos.

Um forte exemplo disso é a Conferência Mundial de Religiões pela Paz, fundada em 1970, é a maior coligação mundial de representantes das comunidades religiosas. Sue principal objetivo é promover a transformação de conflitos, a construção da paz e o avanço do desenvolvimento sustentável, a partir da união e o amor entre todos, independentemente de suas religiões. A Conferência e a discussão de assuntos de todos os aspectos: como Aids, fome, desigualdade social, abusos sexuais e as condições de vida das crianças abandonadas, acontece em eventos anuais. Cada ano é sediada por um país. Os principais países que a conferência trabalha são: Quênia, Malawi, Moçambique, Namíbia, Suazilândia e Uganda

Sexualidade não revelada e o medo de se expor frente à sociedade.

PAZ NA SEXUALIDADE

Leandro Mariano
Renata Martins


Sexualidade não revelada e o medo de se expor frente à sociedade

QUANDO CHEGA A PAZ

O que se passa na cabeça dos homossexuais, antes e depois de revelar aos pais e à sociedade, o modo como eles são felizes.

A questão da homossexualidade ainda gera muita polêmica em torno da sociedade brasileira, mas, o índice de pessoas que assumem a sua sexualidade, vem crescendo nos últimos anos. Hipoteticamente, umas das explicações para isso, é a forma como as pessoas vivem hoje, com mais liberdade de escolhas e não tão ligadas às culturas e tradições ultrapassadas.

Quando um gay descobre qual o ponto forte da sexualidade, em primeiro lugar, há uma tentativa de esconder esse sentimento e, a aceitação de si próprio, não é imediata. A estudante de publicidade, Júlia Diniz, 22, conta qual foi sua reação ao se deparar homossexual. “Quando descobri que era lésbica, por volta dos 17 anos, não queria me aceitar e não conseguia entender o desejo que tinha por mulheres. Tentei, em vão, ficar com homens e provar pra mim mesmo que eu poderia ter essa opção. Com o tempo fui me acostumando e, finalmente, comecei a namorar com uma garota”, afirma.

Em meio aos conflitos internos, a pessoa se prepara para afirmar sua sexualidade para os pais e para a sociedade. O preconceito é o maior gerador do medo na hora de se expor e confirmar seus desejos. “No início foi muito difícil, minha mãe ficou cerca de quatro meses sem conversar comigo. Sofri muito, mas hoje consigo lidar muito bem com isso. Meus amigos me apóiam e querem me ver feliz. Tenho orgulho de ter passado por tudo que passei e ter encontrado a felicidade. Namoro e faço planos de morar com minha namorada e, futuramente, adotar um filho com ela”, diz Júlia.

Essa falta de compreensão dos pais afeta a formação da personalidade dos gays. Quando ele tenta ir contra seus princípios (da sexualidade e amor), há uma perda da identificação da pessoa e uma desconstrução de sua personalidade. De acordo com a psicóloga Ana Cláudia Alvim, as queixas mais frequentes dos homossexuais têm relação com a família. “As maiores rejeições são de caráter familiar e social. Chega um ponto tão estressante e dolorido, que o próprio relacionamento, mesmo cheio de amor, muitas vezes não segura a intensidade da pressão sofrida”, explica a psicóloga.

O caminho a ser percorrido pelos homossexuais é extenso. Existe um trabalho voltado para a mudança de valores culturais, educacionais e religiosos. Mas, em algum momento, as pessoas devem entender que isso é natural e deve ser vivido sem rótulos e culpa. “Eu não optei por ser homossexual, foi espontâneo e natural. Acho que todos estão suscetíveis e tendenciosos a terem essa sexualidade aflorada”, afirma o estudante de economia, Leonardo Ribeiro, 20. “O que eu quero é respeito, não espero que todos me entendam”, diz ele. De acordo com Ana Cláudia, chegaremos a um ponto onde não exista diferenciação de gênero (masculino e feminino). “As pessoas serão identificadas não de acordo com o sexo biológico delas, o feminino e o masculino não estará mais vinculado ao sexo”, explica a psicóloga.

Enquanto isso não acontece, os homossexuais se apegam às pessoas que respeitam seu modo de vida. “Se hoje as pessoas que mais amo no mundo me apóiam, não deixaria de viver em paz e ter uma vida absolutamente normal. A felicidade está do meu lado, e, prova disso, é o meu estado de espírito”, afirma Júlia.

OS DOIS LADOS DA MOEDA

Você já parou para pensar em quanto um pai deve ficar decepcionado quando descobre que um filho é gay? Ainda mais aqueles que sonham em ver os filhos casando em uma igreja, lhe dando netos. Geralmente esses pais são pessoas conservadoras e estão dotados de valores antigos, de uma sociedade preconceituosa e egoísta que não pensa na felicidade, mas sim, em seguir costumes arcaicos e viver de aparências, como se todo casal “hetero” fosse feliz da vida.

Há uma cultura por trás disso que é difícil de ser mudada. E, para tal, vai levar algum tempo. Não é fácil mudar tradições e preceitos de milhões de pessoas. Cada um tem um princípio que deve ser respeitado. Por isso pergunto:

Você já parou para pensar no quanto um filho fica triste ao saber que seus pais não o apóiam em decisões que o afetará a vida inteira? É tão fácil dizer que a homossexualidade é uma opção sexual. Partindo desse princípio, os gays escolhem se esconder e serem alvo de preconceitos dentro e fora de casa. Seria tão mais fácil para todos. Casar, ter filhos, ser a perfeita marionete que todo pai quer. Isso é natural, é a segurança que eles querem passar, é o querer cuidar. Mas não dá pra ser sempre assim, todo mundo tem direito à liberdade e a viver feliz - independente da forma. Há coisas mais importantes pra se preocupar, importa o caráter, o respeito.

Essa eterna luta dos homossexuais em busca dos seus direitos vai perdurar durante um bom tempo, até que, esse preconceito vá aos poucos, acabando. A batalha contra a discriminação deve ser ferrenha, tanto quanto acontece para a raça e a religião.


UMA PALAVRA QUE TRANSFORMA

Uma coisa que incomoda os gays é a questão de dizerem que ser homossexual é uma escolha. O significado da palavra opção, de acordo com o dicionário Aurélio, é o ato ou faculdade de optar; livre escolha; direito de preferência. Como pode alguém escolher algo que envolva sentimento?
É o questionamento que Rafael Miranda, 21, faz quando se trata do assunto. O estudante de engenharia mecânica conta que, mesmo dentro da universidade, um lugar que se pressupõe que haja pessoas com mente esclarecida e aberta, há inúmeras pessoas que mantêm esse tipo de atitude discriminatória. A seguir, o depoimento de Rafael à nossa reportagem:

Eu odeio quando essas pessoas falam que ser gay é uma opção. Não é! Me diga, como alguém pode escolher seguir por um caminho cheio de pedras, um caminho de preconceitos em que sua própria família te renega? O pior é quando quem diz isto são pessoas formadoras de opinião, como psicólogos em entrevistas sobre o assunto. Pior ainda é quando, sem pensar no que fala, um gay diz ‘essa é minha opção sexual’. Não existe opção sexual. Não é assim que as coisas funcionam e temos que mudar isso. Parece bobagem mas não é. Muitas pessoas acham mesmo que nós escolhemos ser assim. Digo sim, por todos os homossexuais do mundo, a gente não escolhe. Se você é gay e diz que escolheu, me desculpe, mas você está mentindo para si mesmo. Eu nunca escolheria ter sido expulso de casa aos 17 anos, eu nunca escolheria ter que me matar de tanto estudar para entrar em uma faculdade pública para ter alguma profissão, eu nunca escolheria ficar sozinho em meu aniversário, sem minha família e em uma cidade que eu não conheço, eu nunca escolheria ficar sem meus amigos de infância, que hoje eu vejo que não eram verdadeiros amigos, mas eu gostava deles. Se pudesse escolher eu não estaria aqui falando com vocês sobre este assunto, estou aqui por ser gay, se eu não fosse homossexual eu estaria com meus pais,em São Paulo, na minha casa, no meu lar.”

Este foi o depoimento de um homossexual que foi expulso de casa aos 17 anos, quando seu pai descobriu que ele namorava o vizinho. Rafael foi encontrado pela nossa equipe no consultório da psicóloga Ana Cláudia Alvim, onde faz terapia desde que chegou a Belo Horizonte, em 2006.

A paz é possível, basta o envolvimento de toda a comunidade

Paz na favela

Iêva Tatiana
Ludmila Rates
Raquel Emanuelle

A paz é possível, basta o envolvimento de toda a comunidade
Associações e ONGs fazem o papel do Estado levando educação, cidadania e religião aos moradores de vilas e favelas

No Brasil, as favelas são frequentemente associadas à violência, tráfico de drogas e reduto daqueles que vivem às margens das leis que regem o País. Muitas delas, no entanto, lutam para vencer esse paradigma e mostrar que a paz também pode existir dentro dos aglomerados urbanos.

Existem, hoje, diversos projetos de inclusão social e de combate à violência nas favelas. A maioria deles visa atingir o público jovem, de forma que, no futuro, sejam formados adultos com consciência de cidadania, paz e respeito ao próximo.

No bairro Cabana do Pai Tomás, região oeste de Belo Horizonte, a iniciativa de atender crianças e jovens foi da paróquia local, que criou o Centro Juvenil Dom Bosco, em dezembro de 1988, com o propósito de desenvolver ações educativas e preventivas, voltadas para a promoção e a proteção de crianças e adolescentes.

O projeto oferece oficinas de esporte, lazer, cultura e profissionalização, além de prover apoio pedagógico e psicológico. Aos domingos, a comunidade é convidada a participar do Centro Juvenil Festivo, que reúne o público atendido e os convidados em um ambiente de confraternização e convívio social.

Há dez anos, como parte da proposta de educação do Centro Juvenil, foi criado o curso Pré-Universitário Padre Sebastião Teixeira, o Pré-Upset, que prepara os alunos do Cabana para o vestibular da UFMG, principalmente.

Segundo a secretária do curso, Natália Klik, além das aulas, os alunos recebem orientação vocacional, são acompanhados por seminaristas, para que tenham contato com a espiritualidade, e, mensalmente, os aniversariantes são festejados com bolo e guloseimas.

Aos melhores alunos do Pré-Upset, a recompensa: uma parceria firmada com o Instituto Metodista Izabela Hendrix garante a concessão de bolsas comunitárias. Depois de ingressarem na faculdade, os jovens são convidados a se integrar ao projeto como voluntários.

Klik lembra que houve uma época em que a violência fazia parte do cotidiano da comunidade do Cabana do Pai Tomás: “Já aconteceu de gente entrar no Centro Juvenil atirando nas pessoas”. Hoje, são os jovens que procuram a oportunidade de estudar e ter uma qualificação profissional, negando a premissa de que a origem condena o futuro.

Mães lutam para afastar seus filhos da marginalidade

A vendedora Lourdes Barbosa já morou com os três filhos em um dos becos mais perigosos do Cabana. Atualmente, ela vive com o filho caçula próximo à favela, no bairro Madre Gertrudes. Segundo a vendedora, a mudança de residência se deu por vários motivos, um deles era a faixa etária em que seus filhos se encontravam. “Eles estavam entrando na adolescência e eu não conseguia saber todos os passos deles, pois trabalhava o dia inteiro”.

A comercialização de substâncias entorpecentes é comum em várias comunidades carentes de Belo Horizonte e é por meio do tráfico que se estabelece o contraditório poder paralelo. “Os moradores ficam literalmente submissos aos traficantes”, afirma o tenente reformado da Polícia Militar Pedro Evangelista. Mas, segundo Lourdes Barbosa, mesmo com tanta violência há um fator positivo: “Não temos medo de assaltos, roubos ou outro tipo de violência, os traficantes não deixam. Eu podia deixar a minha casa aberta que ninguém roubava”.

Outro motivo para a mudança da comerciante foi a rivalidade entre traficantes e policiais. “Já presenciei muitos tiroteios, não só entre gangues rivais, mas de policiais contra os traficantes”, comenta Barbosa. Além disso, a comerciante afirma ter visto, várias vezes, armas sendo conduzidas perto de seus filhos: “Meu caçula brincava de carrinho no passeio enquanto o traficante limpava a arma ao lado dele”.

O filho mais velho de Barbosa, Djavan Baião, foi o maior motivo da mudança. “Ele começou a se envolver com drogas e eu não conseguia fazer nada”, afirma a vendedora. Segundo o primogênito, o envolvimento com o cristianismo fez com que ele se livrasse da dependência. “Jesus me libertou das drogas”, afirma Baião, que se diz livre das substâncias há mais de dez anos.

A família da comerciante, com exceção do caçula, frequenta os cultos evangélicos de uma das várias igrejas próximas à comunidade. O crescimento da fé cristã atingiu, também, as comunidades mais carentes de Belo Horizonte. A Pedreira Padre Lopes, por exemplo, recebe voluntários de uma igreja todos os sábados. “Além de vários trabalhos de cidadania, nós introduzimos os preceitos e ensinos da fé cristã”, afirma a voluntária Valéria Ramos.

O grito de paz nas favelas vem ganhando coro a cada dia, ecoando nos becos e vilas, levando esperança àqueles que anseiam o fim da violência e a tantos outros que sonham com dias mais calmos. 

O desenho como voz

Ação cultural no bairro Alto Vera Cruz

O foco artístico do grupo é o grafite. Alto Vera Cruz, Boa Vista, São Geraldo, Sagrada Família. Quem mora nesses bairros conhece o trabalho do GFD – Grandes Fãs de Desenho ou Gion, Frank e Dudu, como explica Eduardo Alves da Silva, 30, um dos integrantes. Há quase cinco anos, os três amigos colorem as ruas da periferia de Belo Horizonte e repassam a arte do grafite a outros jovens.

A iniciativa surgiu do encontro nas oficinas de desenho e grafite do Programa Fica Vivo, criado pelo Centro de Estudos de Criminalidade e Segurança Pública (CRISP), da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). O trabalho alia ações preventivas mobilizando os jovens das comunidades em oficinas educativas, culturais e profissionalizantes. De acordo com o site das Nações Unidas, os resultados do Programa são animadores: “Na favela Morro das Pedras, o número de homicídios, tentativas de homicídios e assaltos caiu, aproximadamente, 50% em relação aos cinco meses anteriores à sua execução”.

A eficácia das ações focais, no entanto, depende da continuidade dada pelos próprios moradores. Para Silva, ou Edu, como é mais conhecido pelos amigos, a participação no projeto foi importante: “Foi através dele que pude mostrar o meu trabalho, fazer amizades, desenvolver trabalho em equipe”. E graças ao seu esforço e dedicação, Edu teve a oportunidade de estudar na Escola de Quadrinhos Planet Comics, fazer o curso de artes plásticas promovido pelo Arena de Cultura e participar de três edições do Festival Internacional de Quadrinhos de BH (FIQ-BH). Mas Edu e companhia não pararam nas oficinas e projetos individuais. Levaram para as ruas das comunidades a arte que aprenderam em suas experiências.

Desde que começou, em 2004, O GFD ensina as técnicas para quem quiser aprender através de eventos ou ações culturais que promovem verdadeiras galerias de grafite a céu aberto pelas ruas. Nos muros, paredes e fachadas, são desenvolvidos pelos artistas da comunidade “trabalhos relacionados a temas, tais como cidade, favela, família, amigos, etc.”, diz Edu. Ainda de acordo com o artista, existem planos para a produção de trabalhos em diversas linguagens da comunicação, como animação, pintura em tela, em tecido, camisetas e adesivos, através da Equipe/ Estúdio Infinity Works.

O exemplo do grupo é um entre tantos outros que têm contribuído para a disseminação da arte de rua. “Assim como o GFD, também existe o grupo Rups3, o Setor 9, e muitos outros, que fazem trabalho semelhante. É importante ressaltar que grafite como forma de expressão não é apenas diversão, mas, também, protesto e é esse o meio que os artistas da periferia têm para mostrar a realidade da comunidade, seja ela boa ou ruim, é a nossa voz”, diz Edu.


Apelo pela paz ganha melodia


“Tô cansado de ver os malucos morrer. Na esquina, na quebrada, e a mãe deles sofrer. Isto é culpa da sociedade, do preconceito. Falam quem veio da favela, não é direito” (sic).

É assim que MC Death começa seu rap, A Favela Pede Paz, como forma de expressar indignação e revolta contra a violência nas favelas que, segundo ele, na maioria das vezes, é provocada pela polícia e pelo descaso das autoridades.

Comumente, são os próprios moradores dos aglomerados que compõem canções para denunciar os abusos, a opressão e a violência que sofrem.

A banda paulista Racionais MC’s, conhecida pelas letras que denunciam a desigualdade nas sociedades brasileiras, também defende a paz nas favelas do Brasil, como na música Fórmula Mágica da Paz:

“Não vou trair quem eu fui, quem eu sou. Gosto de onde eu estou e de onde eu vim. O ensinamento da favela foi muito bom pra mim. Cada lugar um lugar, cada lugar uma lei. Cada lei uma razão, e eu sempre respeitei”.

“Eu vou procurar, sei que vou encontrar, vou procurar. Vou procurar, você não bota uma fé, mas eu vou atrás da fórmula mágica da paz” (sic).

Não é raro as músicas dos rappers brasileiros tocarem como um desabafo, falando do dia-a-dia das favelas do País e mostrando como vivem, paralelamente, a realidade violenta e a busca pela paz.

Com lenço e com documento

Paz nos movimentos estudantis

Bruno Trindade
Gilmar Laignier
Paula Andrade
Com lenço e com documento 
Movimentos estudantis trocam as “guerras” pela paz ao longo da história

Estudantes com identidade social controversa e acomodados às grandes manifestações. Esse é o perfil dos jovens universitários de hoje. Sem um referencial opressor como a ditadura, os ideais de outrora já não são mais os mesmos. A força do movimento estudantil, que com suas reivindicações, protestos e manifestações influenciaram os rumos da política nacional, ficou para trás. 

Segundo pesquisa realizada pelo Projeto Juventude/Instituto Cidadania, em parceria com o Instituto de Hospitalidade e com o SEBRAE, os jovens contemporâneos chamam atenção pela indeterminação, pela conduta ponderada, por desconsideração de mudanças na política, despreocupação em alterar as desigualdades e pela pouca participação na política convencional. 

Foi depois de muita luta, entretanto, que surgiu este aparente comodismo. A história da juventude brasileira está relacionada a grandes feitos, movimentos revolucionários, lutas por ideais e busca do poder jovem em concretizar suas utopias. 


Na década de 1950, em clima de pós-guerra, falava-se na falta de sentido da rebeldia dos jovens. Para a estudante de Rádio e TV Gisele Castro, o rótulo que a juventude recebia restringia seus verdadeiros ideais: “chamar os jovens de rebeldes sem causa é ter uma visão simplista e limitada, pois essa rebeldia existiu em função da luta por grandes causas”, sentencia a estudante. 

Na década de 1960, o rótulo mudou. De rebeldes sem causa, os jovens passaram a ser conhecidos por movimentos políticos ditos “engajados”. Em 1963 e 1964, os estudantes foram responsáveis pelos mais importantes momentos da agitação cultural da história do Brasil. Através do Centro Popular de Cultura (CPC) produziram filmes, peças de teatro, livros, músicas, e influenciaram toda uma geração. 


Com o golpe militar, os estudantes formaram uma resistência, expressando-se por meio de jornais clandestinos, manifestações e músicas, apesar da grande repressão. O Tropicalismo, por exemplo, sacudiu o ambiente da música popular e da cultura brasileira entre 1967 e 1968. Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa, Tom Zé, entre outros, fizeram história renovando radicalmente as letras de músicas, que tratavam do que não podia ser dito, em função da censura dos militares. 

Outra grande marca da juventude nessa época foi a literatura. O jornalista e escritor Zuenir Ventura, relata, no livro 1968 O ano que não terminou, que a geração de 1968 talvez tenha sido a última geração literária do Brasil, pelo menos no sentido em que seu aprendizado intelectual e sua percepção estética foram forjados pela leitura. “Os rapazes e as moças já tinham grande preferência pelo cinema e pelo Rock, mas suas ideias tinham sido construídas basicamente por livros”, diz o escritor. 

Segundo o filósofo José Américo Pessanha, essa foi a “última geração loquaz, em que uma formação altamente literatizada lhe deu o gosto da palavra argumentativa”. Essa palavra argumentativa ressoava em alto e bom tom, em forma de palavrões. Esses termos estavam na boca dos jovens. Nelson Rodrigues dizia: “há ou não, por todo o Brasil, a doença infantil do palavrão?” Era a força das lutas e dos hábitos dos estudantes extravasados pela língua falada. 

No fim da década de 1970, o movimento estudantil começou a perder força e prestígio. Desde então, existiram alguns movimentos, como as “Diretas Já”, em 1984, e os “Caras Pintadas”, em 1992, promovendo sucessivas ações contra o governo Collor, que resultaram em seu impeachment. “Desde o fim do período militar, as forças jovens têm declinado de maneira significativa. Mas o importante é que houve um processo de auto-afirmação da adolescência como entidade social e cultural”, afirma o filósofo, historiador e sociólogo Edgar Morin, em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo.


O sonho realmente acabou




O Brasil era só um espelho do resto do mundo, no fim dos anos 1960. Guerras e conflitos, movimentos estudantis, marchas de jovens, revolução cultural, embates ideológicos, repressões e torturas. O ano de 1967 antecipava os embates de 68 e 69. Em 15 de abril daquele ano, cerca de 400 mil pessoas marcharam até a sede das Nações Unidas, em Nova York, em protesto à Guerra do Vietnã. 

Era apenas um aperitivo do turbilhão de protestos e conflitos que ainda ocorreriam no mundo inteiro. Músicos e artistas incorporaram as utopias jovens e entraram para a “guerra contra as guerras”. O Beach Boy Carl Wilson foi indiciado por deixar de se alistar. O pugilista Muhammad Ali recebeu sentença de cinco anos por também se recusar a entrar para o exército. Em 8 de outubro de 1967, Che Guevara morria e se tornava símbolo maior de todas as manifestações. No mesmo ano, Joan Baez foi presa em um centro de recrutamento de Oakland. 

Em 21 de outubro, 13 dias após a morte de Che, centenas de milhares de jovens invadiram o Pentágono, sistema de operações militares americanas, e enfrentaram soldados armados. Em clima de “paz e amor”, os manifestantes enfiaram flores nos canos dos fuzis.
Para a professora de literatura Carolina Sales, o grande dilema daquela época estava na controvérsia gerada pelos movimentos artísticos revolucionários. “Todos queriam um mundo justo e com paz. Queriam o fim das guerras, das repressões, mas tentavam combater isso através de mais violência”. 


Nesse aspecto, os Beatles foram os mais coerentes com suas contribuições para a paz política mundial, fato que gerou, inclusive, desconforto entre os rapazes de Liverpool e os Rolling Stones. Em maio de 1968, estudantes de Paris enfrentaram a polícia com paus e pedras, ao som do hino da esquerda jovem no mundo. Street Fighting Man, canção de Mick Jagger, dizia “everywhere I hear the sound of marching, charging feet, boy / Comes summer here and the time is right for fighting in the streets, boy”. (“Por toda parte ouço o som de pés marchando, atacando, cara / O verão chegou e a hora é de lutar nas ruas, cara”).

Enquanto isso, os Beatles preferiam entrar para a história com uma manifestação muito mais ideológica e menos prática. “Na época, um crítico inglês escreveu que os Stones estavam cheios de força e vitalidade, e que os Beatles decidiram ficar em seu hotel e fingir que dormiam”, relembra a professora Carolina. 

A canção Revolution, de 1968, é uma resposta às críticas ao grupo. Em um determinado momento, John Lennon canta: “We all want to change the world / but when you talk about destruction, don’t you know that you can count me out”. (“Todos nós queremos mudar o mundo / mas quando você fala em destruição, pode saber que não vai contar comigo”). 

Em outro trecho, John salienta que, naquele momento, o mais importante era os jovens se politizarem mais, antes de saírem feito loucos lutando pelas ruas. Para ele, a revolução deveria, antes de tudo, aguçar o senso crítico das pessoas, que precisavam aproveitar melhor seu tempo, abrindo sua mente. “Se você sai por aí carregando retratos de Presidente Mao / Não vai transar com ninguém / Você diz que a culpa é da Instituição / Ora, você sabe / O melhor, na verdade, é libertar sua cabeça”.


Em entrevista à Revista Rolling Stone, em 1970, John Lennon diz que os Stones acabaram os copiando, tempos mais tarde, adotando o mesmo discurso político em suas canções. “Eu me ressinto com a insinuação de que os Stones seriam mais revolucionários que os Beatles. Se os Stones foram, ou são, então os Beatles realmente foram. Os dois não estão no mesmo patamar, nem no sentido musical, nem em termos de poder. Nunca estiveram. Eu gostaria de listar o que a gente criava, e que os Stones faziam dois meses depois. Em todo disco e em tudo que a gente fez, o Mick faz exatamente igual”.

Certo ou errado, John Lennon foi um dos que mais contribuiu para a Revolução Cultural no fim dos anos 1960. Coincidência ou não, a frase usada pelo líder dos Beatles para descrever a dissolução da banda representou o fim dos movimentos políticos de esquerda no mundo inteiro, inclusive no Brasil: “O sonho acabou”. 

E parece ter mesmo acabado. De lá para cá, os movimentos estudantis nunca tiveram mais a mesma força, salvo raras exceções. O sonho deu lugar ao comodismo. Para o historicista e escritor Roberto Muggiati, “as mensagens daquela década murcharam através dos confusos anos 70, dos conformistas 80 e dos enquadrados 90”. Tempo em que a revolução parecia estar ao alcance de todos, na virada da próxima esquina.

De rebeldes a pragmáticos


Às vésperas do 41º aniversário da revolta francesa de maio de 1968 - o levante estudantil e operário que chacoalhou todo o mundo – a aparente apatia que permeia o meio universitário de hoje acentua a diferença com o cenário anterior. Se em 68, o movimento estudantil tinha um caráter ofensivo, de ruptura com o status-quo, hoje as mobilizações – quando existem – têm um caráter muito mais defensivo. 

De acordo com o professor universitário Thiérs Hoffman, os movimentos atuais são reflexos de ações isoladas, poucas vezes relacionadas com um bem comum ou pelo resgate da cidadania. “Hoje, vemos os movimentos estudantis serem impulsionados por motivos bem distintos dos ideais revolucionários que pregavam liberdade e novos valores sociais das décadas anteriores”, diz o professor da UNA. 

Para Thiérs, o medo de uma nova ditadura militar criou, após a constituição de 1988, uma sociedade que estabelece muitos direitos e poucos deveres. Segundo o professor, essa situação levou a uma postura individualista e pragmática, que dificulta a mobilização coletiva. “Ser esperto e malandro, uma característica dita ‘jeitinho brasileiro’, cria o sentimento do querer levar vantagem sobre os outros, de aproveitar as situações e oportunidades”, afirma Thiérs. Além disso, a necessidade de se ingressar no mercado de trabalho proporcionou nova orientação aos jovens, dispersando as mobilizações. O movimento estudantil universitário hoje é, consequentemente, menos presente e organizado.

Para o sociólogo francês Edgar Morin, uma das maiores conquistas dos movimentos estudantis da década de 60 no mundo foi a afirmação da adolescência como uma entidade social autônoma. O intelectual acredita, no entanto, que a crise moral provocada pelas revoluções passadas é hoje muito mais grave, porque o mundo perdeu a crença em um futuro melhor. “Antes de mais nada, 1968 foi um ano de revolta estudantil e juvenil, numa onda que atingiu países de naturezas sociais e estruturas tão diferentes como Egito, EUA, Polônia, entre outros. O denominador comum é uma revolta contra a autoridade do Estado e da família. A figura do pai de família perdeu importância, dando início a uma era de maior liberdade na relação entre pais e filhos”, explica o sociólogo, em entrevista ao jornal Folha de São Paulo.

Depois disso, a poeira baixou e tudo pareceu voltar ao que era antes. Mesmo assim, para Edgar Morin as mudanças trazidas foram significativas. “Foi depois de 68 que os homossexuais e as minorias étnicas se afirmaram e que o novo feminismo se desenvolveu”, afirma. Ainda de acordo com o sociólogo, hoje em dia, no entanto, movimentos estudantis se generalizam rapidamente e prosseguem mesmo quando o governo satisfaz os seus pedidos. “É a alegria de estar juntos na rua, de desafiar os professores e a polícia. Até quando as reivindicações são ridículas, o fenômeno é importante, pois permite ao jovem tornar-se cidadão, escapando assim da crescente tendência ao apolitismo”, diz.

Para o professor Thiérs, no entanto, os movimentos estudantis deveriam ser um braço forte das mudanças sociais, pois estes representam a massa pensante e questionadora da sociedade. Sem um movimento estudantil ativo, a própria sorte da universidade fica exposta aos vícios do privatismo, do conservadorismo e do corporativismo. Entretanto, seja pela globalização ou pela “falta de perspectivas coletivas”, como explica Thiérs, o sentimento relacionado aos movimentos está banalizado. “Tal banalização gera uma sociedade apática e sujeita aos interesses da minoria detentora do poder”, adverte o professor.

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Dona Onet


"Cantora e compositora paraense completa 74 anos próximo dia 18 de junho de 2013, Dona
 Onete nasceu em Cachoeira do Ararí, no Marajó, já foi professora de História, secretária de 
cultura e fundadora de grupos de dança e música regionais, como o Canarana, em Igarapé-
Miri. Hoje, ela compõe e canta nos palcos as histórias, causos e lendas que, nas salas de 
aula, durante 25 anos ela ensinou. Personificação do imaginário amazônico e da riqueza 
papa-chibé, Dona Onete fez ainda parte do Coletivo Rádio Cipó, em Belém, interpretou uma 
dirigido por Beto Brant, e se apresentou em importantes eventos como o festival 
pernambucano Rec-Beat (2012) e também da festa de 10 anos da Orquestra Imperial, no 
Circo voador, no Rio de Janeiro, com participação de Thalma de Freitas e Gaby Amarantos.
 Atualmente, ela mescla em seu trabalho diversas influências, sonoridades e características 
do folclore paraense passeando entre o choro, carimbó, samba, boleros e bois com tempero 
da “Jamburana treme-treme”, que podemos perceber nas 11 faixas de seu primeiro álbum 
,“Feitiço Caboclo”, lançado em Julho de 2012, com produção de Marco André."